Ter um cachorro com ansiedade de separação pode ser desafiador. Eles ficam tristes, estressados e, em muitos casos, agem de forma ansiosa e destrutiva quando ficam sozinhos. Mas o que é realmente essa ansiedade? Como identificá-la e, mais importante, como ajudar o seu cachorro a lidar com isso?
Na Porakaá, nós, Thais e Guilherme, acreditamos que a compreensão e consciência é o que garante a qualidade de vida dos cães e promove um mundo mais compassivo.
É por isso que, com mais de 15 anos de experiência em comportamento animal, estamos aqui para oferecer estratégias eficazes para fortalecer a confiança do seu cachorro e, assim, melhorar a qualidade de vida de vocês.
Nossos processos sempre respeitam o tempo e os limites individuais de cada animal, pois entendemos que cada cachorro tem suas particularidades. Agora, vamos explorar juntos como lidar com a ansiedade de separação em cães de maneira eficiente e positiva!
O que é a ansiedade de separação?
A ansiedade de separação acontece quando um cachorro sente um nível extremo de desconforto e estresse por estar longe de seu tutor.
E isso pode ser desde sinais como ficar quietinho demais, só deitado sem comer ou beber água, ou até reações mais intensas, como destruir móveis ou latir sem parar.
A verdade é que essa condição emocional não só afeta o bem-estar do seu cachorro, mas também pode causar muita frustração para você, que gostaria de sair sabendo que seu cão está feliz e tranquilo em casa.
Mas se você já chegou a pensar que seu cachorro faz bagunça porque fica bravo ou quer se “vingar” quando você sai, essa ideia pode ser descartada.
É importante entender que o que um cão faz quando está sozinho nunca é por vingança ou rebeldia. Muitas pessoas acreditam que seus cães agem para “se vingar”, mas, na realidade, o comportamento destrutivo ou de agitação é uma resposta emocional irracional à ansiedade e ao desamparo que eles sentem.
Essa confusão existe principalmente quando os cães destroem objetos pessoais.
Mas ao invés de enxergar um tipo de “vingança” nesse comportamento, interprete como um pedido de ajuda do seu cão que, ao se sentir sozinho, busca uma maneira de estar mais perto e interagir com o cheiro do tutor.
Como saber se meu cachorro tem ansiedade de separação?
Identificar a ansiedade de separação no seu cachorro pode ser um desafio, principalmente porque os sinais variam muito de cão para cão e podem acontecer longe da sua presença.
Alguns ficam muito agitados, enquanto outros podem mostrar sintomas mais sutis. Veja exemplos de alguns comportamentos que indicam que seu cachorro pode estar com esse problema.
Sinais e causas de ansiedade de separação em cães
- Latidos e choros excessivos: seu cachorro late, uiva ou chora sempre que você sai? Isso pode ser um claro sinal de ansiedade de separação. A vocalização é uma forma de tentar chamar a sua atenção ou expressar o desconforto.
- Destruição de objetos pessoais: é comum que cães com ansiedade por separação destruam objetos com o cheiro do tutor, como sapatos, controles remotos, óculos, bolsas. Ele está buscando o conforto do seu cheiro enquanto tenta lidar com o estresse.
- Necessidades em locais inadequados: mesmo que seu cachorro seja treinado, ele pode acabar fazendo xixi ou cocô em lugares inadequados, como no sofá ou na cama, quando está sozinho. Esse comportamento está ligado ao estresse e à tentativa de chamar o tutor, como uma marcação de cheiro para guiá-lo de volta para casa.
- Prostração e falta de interesse: alguns cães podem ficar prostrados e sem interesse em brincar com seus brinquedos, mostrando uma apatia incomum.
- Recusa de água e comida: em situações de estresse elevado, muitos cães com ansiedade de separação podem evitar beber ou comer enquanto o tutor está fora.
Outro ponto importante é observar o comportamento do cachorro quando o tutor está em casa. Um cão com ansiedade de separação não pode perdê-lo de vista nem por um segundo e o segue por toda parte, até mesmo tenta entrar junto no banheiro e, em alguns casos, só se alimenta quando o tutor está ao lado.
Além disso, se o cachorro fica excessivamente animado quando o tutor retorna, latindo, correndo de um lado para o outro e pulando, mesmo depois de algum tempo, isso pode indicar que ele passou por muito estresse durante a ausência.
Como diferenciar ansiedade de separação de outros comportamentos?
É importante saber diferenciar comportamentos típicos de filhotes ou cães entediados de sinais reais de ansiedade de separação. A principal maneira de distinguir isso é observar como o comportamento muda quando o tutor está presente ou ausente.
Por exemplo, um erro sanitário isolado pode acontecer com qualquer cachorro, mas quando um cão faz xixi ou cocô em lugares muito específicos, como na cama do tutor, travesseiros, ou logo atrás das portas, é um sinal claro de estresse relacionado à separação. Esse comportamento é diferente de um simples erro de aprendizado.
Outro exemplo comum é a destruição de objetos. Cães, especialmente filhotes, tendem a roer e destruir coisas como parte do seu desenvolvimento normal, principalmente se não têm brinquedos adequados para canalizar essa energia.
No entanto, quando o comportamento destrutivo é direcionado especificamente a objetos com o cheiro do tutor, como sapatos, chinelos ou até controles remotos, e acontece apenas durante a ausência do tutor, é um indicativo de ansiedade de separação.
Isso mostra que o cão está tentando lidar com o estresse emocional causado pela ausência, e não apenas satisfazendo uma necessidade natural de roer.
O que causa a ansiedade de separação em cães?
Não existe uma única causa para a ansiedade de separação. Vários fatores podem contribuir para o desenvolvimento desse problema. Aqui estão algumas possíveis causas:
- Forte vínculo emocional: cães são animais sociais por natureza, e é comum que criem um vínculo muito forte com seus tutores. Eles dependem de você para se sentirem seguros, e quando você sai, esse conforto desaparece, deixando o cachorro ansioso.
- Mudanças na rotina: mudanças grandes, como trocar de casa ou começar um novo trabalho, podem desencadear ansiedade de separação.
E tem mais: só porque seu cachorro lida bem com a separação em casa, não quer dizer que ele vai se sair bem em outros lugares, como em viagens, pousadas ou hotéis, já que eles aprendem de forma específica e não generalizam experiências. - Traumas anteriores: cães que passaram por situações traumáticas, como abandono ou maus-tratos, podem desenvolver uma dependência emocional mais forte dos tutores atuais e de quem o resgatou, criando um hiperapego.
- Experiências durante a fase de filhote: filhotes que são separados da mãe muito cedo (antes dos 55-60 dias) têm mais chance de desenvolver ansiedade.
Se eles não aprendem a lidar com momentos de separação enquanto são pequenos, podem ter mais dificuldade para lidar com isso quando adultos. Quando o filhote está sempre perto dos tutores ele não aprende a independência e acaba sofrendo demais quando precisa ficar sozinho sem sofrer.
Não podemos esquecer que qualquer cão, sendo um animal social, sofre quando fica muitas horas sozinho. Além de garantir que ele tenha atividades e uma rotina adequada, deixe sempre brinquedos para ajudá-lo a ocupar o dia dele.
Como prevenir a ansiedade por separação?
A prevenção é sempre a melhor estratégia, especialmente para cachorros que ainda estão em fases iniciais de vida, ou então que foram adotados, acabaram de chegar em um novo lar e estão começando a demonstrar sinais leves de ansiedade.
Aqui estão algumas dicas práticas que você pode seguir para ajudar seu cachorro a lidar com a sua ausência de forma mais tranquila:
- Ensine independência desde cedo: acostume o seu cachorro a passar algum tempo sozinho, mesmo quando você está em casa. Enquanto ele se alimenta ou dorme, feche o portão e realize pequenas tarefas, como arrumar sua cama ou lavar a louça, para que ele entenda que estar sozinho é algo normal e não uma ameaça.
- Crie associações positivas com a sua saída: ao sair de casa, deixe brinquedos interativos ou petiscos especiais que ele só recebe nesses momentos. Isso faz com que ele associe sua ausência a algo positivo e interessante, além de que concentrar-se em atividades cognitivas ajuda diminuir a ansiedade.
- Evite grandes despedidas: sair de casa sem grandes despedidas ajuda a lidar com a separação, minimiza a ansiedade. Quando você se despede de forma calma e natural, sem fazer muito drama, ele aprende que a sua saída não é um grande evento.
- Rotina previsível: cães se sentem mais seguros quando conseguem entender o que está acontecendo. Ter uma rotina muito rígida é prejudicial, mas uma rotina muito variada, sem previsibilidade nenhuma, também é.
- Aumente o tempo gradualmente: se o seu cachorro tem dificuldade em ficar sozinho, comece com separações curtas e vá aumentando gradualmente. Por exemplo, separe-o de você por cinco minutos, depois por dez, e assim sucessivamente. Isso o ajuda a ganhar confiança de forma progressiva.
O que fazer se meu cão tem ansiedade de separação?
Se o seu cachorro já apresenta sinais claros de ansiedade de separação, a primeira coisa a fazer é não se desesperar.
Com paciência e algumas mudanças na rotina, você pode ajudá-lo a superar esse problema. Aqui estão algumas estratégias que podem fazer a diferença:
- Evite ao máximo deixá-lo sozinho enquanto treina: Procure estratégias como creche para cães e uma rede de apoio, para que ele sempre tenha companhia e não fique revivendo esse trauma e esse estresse enquanto você tenta mostrar que ficar sozinho pode ser bom.
- Treinamento gradual: o treino é uma das maneiras mais eficazes de ajudar seu cachorro a lidar com a ansiedade de separação. Se o objetivo é ensinar o cachorro a ficar confortável sozinho, comece com ausências mais curtas e recompensando comportamentos calmos enquanto está em casa. Lembre-se de que ter paciência é muito importante. Por isso, avance devagar, sem forçar seu cão a ficar sozinho por longos períodos logo de início.
- Enriqueça o ambiente: manter o seu cachorro mentalmente ocupado pode ajudar a reduzir a ansiedade. Brinquedos que estimulam o raciocínio, como tapetes de farejar petiscos ou mordedores naturais, podem ser uma ótima distração enquanto você está fora. Além disso, esconder pequenos petiscos pela casa antes de sair pode proporcionar um “jogo de caça ao tesouro” para o cachorro.
- Ajuda profissional: em casos mais graves, pode ser útil buscar a ajuda de um adestrador ou comportamentalista especializado. Esses profissionais podem criar um plano personalizado para o seu cachorro, levando em conta a gravidade da ansiedade e as necessidades individuais dele.
- Terapias alternativas: dependendo do nível de estresse do cão, pode ser necessário incluir técnicas terapêuticas no treinamento, como florais, Reiki, e feromônios sintéticos. Veterinários comportamentalistas também podem prescrever suplementos calmantes ou, em casos mais severos, medicamentos temporários que ajudem a controlar a ansiedade.
Quando procurar ajuda profissional para ansiedade de separação?
É importante buscar ajuda profissional o quanto antes, para evitar que o quadro se agrave e se torne mais difícil de resolver. Considere procurar apoio especializado nos seguintes casos:
- Se você já tentou seguir dicas ou até contratou alguém, e o problema persiste.
- Se você deseja parar de receber reclamações de vizinhos devido aos latidos ou choros do seu cachorro.
- Se a ansiedade de separação está impactando sua vida pessoal, como quando você evita ou cancela compromissos por causa do seu cão.
Agir cedo pode prevenir que o comportamento se intensifique, além de trazer mais tranquilidade para você e seu cachorro.
O que não fazer quando um cachorro sofre de ansiedade de separação?
Algumas abordagens comuns podem acabar piorando o quadro de ansiedade em cães. Saiba o que evitar para ajudar seu pet da maneira correta:
- Ensinar milhares de comandos não resolve o problema de ansiedade de separação. O problema está nas emoções do cão, e não na falta de obediência.
- Brigar ou punir o cachorro só aumenta o estresse e a confusão. O cão não sabe que está errado, ele está apenas tentando lidar com o sofrimento.
- Deixar que “se acostume sozinho” pode piorar o quadro. Simular pequenas saídas é útil em uma etapa do treinamento, mas é apenas uma pequena parte do que realmente precisa ser feito.
Quais são os perigos da ansiedade de separação em cães?
A ansiedade de separação em cães não só prejudica o bem-estar emocional do animal, mas também pode causar problemas físicos e aumentar os riscos de acidentes.
Por exemplo, cães que tentam fugir ou arranhar portas e janelas podem acabar se ferindo seriamente. Outro perigo está nos comportamentos destrutivos, que podem causar problemas dentais ou até lesões graves, como engolir objetos que não deveriam.
Além disso, o estresse constante afeta o sistema imunológico dos cães, fazendo com que eles fiquem mais suscetíveis a doenças e infecções. Outro ponto é que a ansiedade prolongada também pode afetar o sono e o comportamento social do cachorro, dificultando a interação saudável com outros animais e pessoas.
Cuidar da ansiedade de separação não é apenas uma questão de evitar a destruição de móveis, mas sim de garantir que o seu cachorro tenha uma vida mais tranquila, saudável e feliz.
Como tratar a ansiedade de separação em cachorros?
Agora que você já identificou os sinais e sabe o que pode estar causando o problema, é hora de pensar em como tratar a ansiedade de separação em cachorros.
Um bom ponto de partida é o treinamento gradual, onde o objetivo é fazer com que o cachorro aprenda, aos poucos, a ficar bem sozinho. A repetição é a chave: em vez de tentar deixar o cachorro por longos períodos logo de cara, foque em fazer várias saídas rápidas, e vá aumentando o tempo devagar.
Outra estratégia importante é oferecer ao cachorro um espaço seguro. Crie um local na casa onde ele se sinta confortável, com seus brinquedos favoritos e uma cama preferida. Esse “cantinho do conforto” deve ser um lugar onde ele se sinta protegido e possa relaxar quando você não estiver em casa.
Se a ansiedade for muito intensa, técnicas de dessensibilização também são eficazes. O cachorro é exposto aos poucos aos estímulos (gatilhos) relacionados à sua ausência, de forma controlada e positiva.
Combine isso com exercícios regulares, brincadeiras e enriquecimento ambiental para ajudar o cão a gastar energia e relaxar. Essas técnicas não apenas aliviam o estresse, mas também trabalham a base emocional do cão, que muitas vezes é ignorada.
Abordagem emocional e consultoria personalizada
Acha que precisa de uma ajuda extra para lidar com a ansiedade de separação do seu cão?
Na Porakaá, aplicamos o que aprendemos em mais de 15 anos de experiência em comportamento animal, e acreditamos que a solução para os problemas emocionais dos cães passa por consciência, empatia e paciência.
Nossa abordagem é diferente: primeiro trabalhamos a base emocional do cão. Ensinamos o cachorro a se autorregular, a ser mais calmo e independente, para que ele possa enfrentar a separação com menos estresse.
Antes de lidar com a separação, muitos cães precisam aprender a relaxar e a se divertir sozinhos, mesmo com a família em casa.
Ao construir essa base emocional, o processo de treinamento se torna muito mais fácil. Por isso, oferecemos consultorias personalizadas, reiki, e desenvolvemos o curso Cão Sozinho Sem Sofrimento, que ajuda cães ansiosos a lidarem com a separação de forma saudável em 10 passos – sem precisar tirar seu cão da cama.
Nosso curso oferece um guia escrito com um passo a passo simples de aplicar, desde o início do treinamento até a independência do cão. Além disso, quem acessa o curso também conta com uma Masterclass completa sobre ansiedade por separação, e suporte por e-mail (contato@porakaa.com.br) para tirar dúvidas sobre seu caso.
Lembre-se: cada cão é único, então paciência, persistência e um plano coerente são essenciais para resolver a ansiedade de separação do seu pet.
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Perguntas frequentes sobre cachorros com ansiedade de separação
Garanta que ele tenha atividades adequadas, exercícios e passeios. Acostume o cão a ficar separado de você mesmo quando está em casa, enquanto ele come ou está com brinquedos interativos. Evolua para saídas curtas e graduais. Leia mais no artigo.
Inclua atividades físicas e mentais no dia a dia, como caminhadas e brinquedos que acalmam. Técnicas para relaxamento, como aromaterapia, reiki ou feromônios, também são úteis. Leia mais no artigo.
Ensine comportamentos calmos no dia a dia. Deixe o cachorro sozinho por curtos períodos, associando sua ausência a algo positivo, como um brinquedo especial. E evite reforçar comportamentos ansiosos, principalmente ao sair ou voltar. Leia mais no artigo.
Ofereça atividades independentes, como procurar petiscos escondidos e brinquedos interativos enquanto você está em outro cômodo. Evite dar atenção logo que o cão pede de forma insistente ou intensa. Leia mais no artigo.
Estimule a independência do cão quando estiver em casa de maneira gradual, ofereça brinquedos interativos que o ocupem durante sua ausência e retorne de maneira calma. Procure ajuda de um adestrador especializado ou veterinário comportamental se necessário. Leia mais no artigo.
Proporcione atividades físicas diárias. Exercícios que desafiam a mente do cão e brinquedos interativos ajudam a reduzir o estresse. Além disso, reforce comportamentos calmos no dia a dia. Leia mais no artigo.
Sintomas incluem hiperatividade, latidos excessivos, destruição de objetos, lambedura excessiva, tremores, agitação, perda de apetite e seguir o tutor de forma constante. Leia mais no artigo.